quinta-feira, 28 de abril de 2011

A PONTE

Ei-los na retaguarda.

Não puderam acompanhar o ritmo que a renovação impunha.

Enquanto os Sábios Mensageiros, à maneira de narradores de histórias, falavam das construções celestes, eles se detinham extasiados. Compraziam-se na expectativa de fáceis triunfos, antevendo-se coroados de êxitos nas lutas do caminho comum, sem qualquer esforço nobre.

Supunham que o Espiritismo fosse apenas uma Doutrina Consoladora, cujo mister se resumisse na coleta de náufragos morais e mendigos, para os alentar, enxugando-lhes as lágrimas sem qualquer compromisso de os estimular para o trabalho e o sacrifício.

Esqueceram-se de que a morte física não é o fim.

Olvidaram que além do sepulcro não há repouso nem paraíso, senão para quem converteu a própria paz em paz para os outros e dirigiu a felicidade pessoal para a felicidade de todos.

A morte não apresenta soluções definitivas para problemas que a reencarnação não solveu.

A Terra, por isso mesmo, é o grande campo de realizações, aguardando a dedicação dos lidadores da esperança, do bem e da verdade.

ninguém a deixará livremente, mantendo compromissos com a retaguarda.

Os que ficaram atrás, preferiram o céu fantasioso da ilusão.

Fizeram-se apologistas do heroísmo de mão beijada e pretendem a glória de um trabalho apanagiado por padrinhos terrenos, passageiros detentores do prestígio social e político.

Deixaram à margem os problemas gigantes que defrontarão mais tarde, complicados e insolváveis.

Tentaram o recuo à hora do avanço e se detiveram a distância.

Não os incrimines nem os lamentes.

São almas fracas, incapazes de uma resistência maior.

A vida, a grande mestra, com mãos de mãe devotada e gentil, conduzí-los-á de retorno à realidade, da qual ninguém foge impunemente.

Segue adiante, porém.

Esquece a fantasia das narrativas atraentes e enfrenta o campo que se desdobra convidativo.

Aqui, concede a benção de uma fonte e o deserto se converterá em jardim.

Ali, remove o charco, e o pântano se transformará em horta dadivosa.

Acolá, afasta as pedras, e a estrada surgirá oferecendo fácil acesso.

E faze o bem em toda a parte, com as mãos e o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em teus braços como estrelas luminescentes em forma de mãos.

E, ligado aos Espíritos da Luz, construirás, com o suor e o esforço incessante, enquanto na carne, a ponte sobre o abismo, pela qual atravessarás, em breve, formoso e deslumbrado, em busca dos amores felizes que te aguardam, jubilosos, “do outro lado”.

(Página recebida pelo médium Divaldo P. Franco,
na noite de 21-6-61, em Salvador, Bahia)
Brasil Espírita
- Julho de 1971

terça-feira, 26 de abril de 2011

CHICO XAVIER E UM CASO DE PERDÃO

49 - As Providências do Perdão

P - Ao transmitir, caro Chico, sua mensagem final aos irmãos de fala Castelhana, rogamos-lhe a gentileza de narrar-nos um dos inúmeros fatos mediúnicos que o sensibilizaram no correr das suas quatro décadas de tarefas ininterruptas de mediunidade com Jesus.

R - Das experiências de nossa tarefa mediúnica, citaremos uma delas, para nós inesquecível.

Nos arredores de Pedro Leopoldo, há anos passados, certa viúva viu o corpo de um filho assassinado, chegando, repentinamente à casa. Desde então, chorava sem consolo.

O irmão homicida fugira, logo após o delito, e a sofredora senhora ignorava até mesmo porque o rapaz perdera tão desastradamente a vida. Agravando-se-lhe os padecimentos morais, uma nossa amiga, já desencarnada, D. Joaninha Gomes, convidou-nos a ir em sua companhia partilhar um ligeiro culto do Evangelho, com a viúva enlutada.

A desditosa mãe acolheu-nos com bondade e, logo após, em círculo de cinco pessoas, entregamo-nos à oração.

Aberto em seguida "O Evangelho segundo o Espiritismo", ao acaso, caiu-nos sob os olhos o item 14 do Capítulo X, intitulado "Perdão das Ofensas".

Ia, de minha parte, começar a leitura, quando alguém bateu à porta. Pausamos na atividade espiritual, enquanto a dona da casa foi atender. Tratava-se de um viajante maltrapilho, positivamente, um mendigo, alegando fome e cansaço. Pedia um prato de alimento e um cobertor.

A viúva fê-lo entrar com gentileza, a pedir-lhe alguns momentos de espera. O homem acomodou-se num banco e iniciamos a leitura. Imediatamente depois disso, comentamos a lição de modo geral. Um dos assistentes perguntou à dona da casa se ela havia desculpado o infeliz que lhe havia morto o filho querido, cujo nome passou, na conversação, a ser, por várias vezes, pronunciado.

A viúva asseverou que o Evangelho, pelo menos, lhe determinava perdoar. Foi então que o recém-chegado e desconhecido exclamou para a nossa anfitriã:

- Pois a senhora é mãe do morto?

E, trêmulo, acrescentou que ele mesmo, era o assassino, passando a chorar e a pedir de joelhos.

A viúva, igualmente, em pranto, avançou maternalmente para ele e falou:

- Não me peça perdão, meu filho, que eu também sou uma pobre pecadora.. Roguemos a Deus para que nos perdoe!...

Em seguida, trouxe-lhe um prato bem feito e o agasalho de que o desconhecido necessitava. Ele, entretanto, transformado, saiu do Culto do Evangelho conosco e foi-se entregar à Justiça.

No dia imediato, Joaninha Gomes e eu voltamos ao lar da generosa senhora e ela nos contou, edificada, que durante a noite sonhara com o filho a dizer-lhe que ele mesmo, a vítima, trouxera o ofensor ao seu regaço de Mãe, para que ela o auxiliasse com bondade e socorro, entendimento e perdão.

Retirado do livro "Entrevistas" - Chico Xavier/Emmanuel respondem...

sábado, 23 de abril de 2011

Jesus para o homem



“E achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz.” – Paulo. (Filipenses, 2:8)

O Mestre desceu para servir,
Do esplendor à escuridão...
Da alvorada eterna à noite plena...
Das estrelas à manjedoura...
Do infinito à limitação...
Da glória à carpintaria...
Da grandeza à abnegação...
Da divindade dos anjos à miséria dos homens...
Da companhia dos gênios sublimes à convivência dos pecadores...
De governador do mundo a servo de todos...
De credor magnânimo a escravo...
De benfeitor a perseguido...
De salvador a desamparado...
De emissário do amor à vítima do ódio...
De redentor dos séculos a prisioneiro das sombras...
De celeste pastor à ovelha oprimida...
De poderoso trono à cruz do martírio...
Do verbo santificante ao angustiado silêncio...
De advogado das criaturas a réu sem defesa...
Dos braços dos amigos ao contato de ladrões...
Do doador da vida eterna a sentenciado no vale da morte...

Humilhou-se e apagou-se para que o homem se eleve e brilhe para sempre!

Oh! Senhor, que não fizeste por nós, a fim de aprendermos o caminho da Gloriosa Ressurreição no Reino?


Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Do livro: Pão Nosso

Que possamos buscar a cada dia o caminho da "Gloriosa Ressurreição", fazendo nascer o novo homem...
A Fraternidade Oficina do Amor, deseja uma feliz Páscoa.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O juiz reformado

Como houvesse o Senhor recomendado nas instruções do dia muita cautela no julgar, a
conversação em casa de Pedro se desdobrava em derredor do mesmo tema.
— É difícil não criticar — comentava Mateus, com lealdade —, porque, a todo instante,
o homem de mediana educação é compelido a emitir pareceres na atividade comum.
— Sim — concordava André, muito franco —, não é fácil agir com acerto, sem analisar
detidamente.
Depois de vários depoimentos, em torno do direito de observar e corrigir, interferiu Jesus
sem afetação:
— Inegavelmente, homem algum poderá cumprir o mandato que lhe cabe, no plano divino
da vida, sem vigiar no caminho em que se movimenta, sob os princípios da retidão. Todavia,
é necessário não inclinar o espírito aos desvarios do sentimento, para não sermos vitimados
por nós mesmos. Seremos julgados pela medida que aplicarmos aos outros. O rigor responde
ao rigor, a paciência à paciência, a bondade à bondade...
E, transcorridos alguns instantes, contou:
— Quando Israel vivia sob o governo dos grandes juízes, existiu um magistrado austero
e violento, em destacada cidade do povo escolhido, que imprimiu o terror e a crueldade em
todos os serventuários sob a sua orientação. Abusando dos poderes que a lei lhe conferia, criou
ordenações tirânicas para a punição das mínimas faltas. Multiplicou infinitamente o número
dos soldados, edificou muitos cárceres e inventou variados instrumentos de flagelação.
O povo, asfixiado por estranhas proibições, devia movimentar-se debaixo de severa fiscalização,
qual se fora rebanho de bravios animais. Trabalharia, descansaria e adoraria o Senhor,
em horas rigorosamente determinadas pela autoridade, sob pena de sofrer humilhantes
castigos, nas prisões, com pesadas multas de toda espécie.
Se bem mandava o juiz, melhor agiam os subordinados, cheios de natural malvadez.
Assim foi que, certa feita, dirigindo-se o magistrado, alta noite, à casa de um filho enfermo,
foi aprisionado, sem qualquer consideração, por um grupo de guardas bêbedos e inconscientes
que o conduziram a escura enxovia que ele mesmo havia inaugurado, semanas antes. Não
lhe valeram a apresentação do nome e as honrosas insígnias de que se revestia. Tomado por
temível ladrão, foi manietado, despojado dos bens que trazia e espancado sem piedade, afirmando
os sentinelas que assim procediam, obedecendo às instruções do grande juiz, que era
ele próprio.
Somente no dia imediato foi desfeito o equívoco, quando o infeliz homem público já havia
sofrido a aplicação das penas que a sua autoridade estabelecera para os outros.
O legislador atribulado reconheceu, então, que era perigoso transmitir o poder a subalternos
brutalizados e ignorantes, percebendo que a justiça construtiva e santificante é aquela
que retifica ajudando e educando, na preparação do Reinado do Amor entre os homens.
Desde a singular ocorrência, a cidade adquiriu outro modo de ser, porque o juiz reformado,
embora prosseguisse atento às funções que lhe competiam, ergueu, sobre o tribunal, a
benefício de todos, o coração de pai compreensivo e amoroso.
Lá fora, brilhavam estrelas, retratadas nas águas serenas do grande lago. Depois de longa
pausa, o Mestre concluiu:
— Somente aquele que aprendeu intensamente com a vida, estudando e servindo, suando
e chorando para sustentar o bem, entre os espinhos da renúncia e as flores do amor, estará
habilitado a exercer a justiça, em nome do pai.

Jesus no Lar
Pelo Espírito de Neio Lúcio
Psicografia Franciso C Xavier

sexta-feira, 15 de abril de 2011

DO CULTO CRISTÃO NO LAR : JESUS MANDOU ALGUÉM


Hilário Silva
O culto do Evangelho no lar havia terminado às sete da noite, e João Pires, com
a esposa, filhos e netos, em torno da mesa, esperava o café que a família saboreava
depois das orações.
Ana Maria, pequena de sete anos, reclamou:
- Vovô, não sei porque Jesus não vem. Sempre vovô chama por ele nas preces:
“Vem Jesus! Vem Jesus!” e Jesus nunca veio...
O avô riu-se, bondoso, e explicou:
- Filhinha, nós, os espíritas, não podemos pensar assim... O Mestre vive
presente conosco em suas lições. E cada pessoa do caminho, principalmente os mais
necessitados, são representantes dEle, junto de nós... Um doente é uma pessoa que o
Senhor nos manda socorrer, um faminto é alguém que Ele nos recomenda servir...
D. Maria, a dona da casa, nesse momento repartia o café, e, antes que o vovô
terminasse, batem à porta.
Ana Maria e Jorge Lucas, irmão mais crescido, correm para atender.
Daí a instantes, voltam, enquanto o menino grita:
- Ninguém não! É só um mendigo pedindo esmola.
- Que é isso? – exclama a senhora Pires, instintivamente – a estas horas?
Ana Maria, porém, de olhos arregalados, aproxima-se do avô e informa,
encantada:
- Vovô, é um homem! Ele está pedindo em nome de Jesus. É preciso abrir a
porta. Acho que Jesus ouviu a nossa conversa e mandou alguém por Ele...
A família comoveu-se.
O chefe da casa acompanhou a netinha e, depois de alguns instantes, voltaram,
trazendo o desconhecido.
Era um velho, aparentando mais de oitenta anos de idade, de roupa em
frangalhos e grande barba ao desalinho, apoiando-se em pobre cajado.
Ante a surpresa de todos, com ar de triunfo, a menina segurou-lhe a mão direita
e perguntou:
- O senhor conhece Jesus?
Trêmulo e acanhado, o ancião respondeu:
- Como não, minha filha? Ele morreu na cruz por nós todos!
E Ana Maria para o avô:
- Eu não falei, vovô?
O grupo entendeu o ensinamento e o recém-chegado foi conduzido à poltrona.
Alimentou-se. Recebeu tudo o que precisava e João Pires anotou-lhe o nome e endereço
para visitá-lo no dia seguinte.
Antes da despedida, a pequena dormiu feliz, e, após abraçar o inesperado
visitante, no “até amanhã”, o chefe de família, enxugando os olhos, falou, sensibilizado:
- Graças a Deus, tivemos hoje um culto mais completo.

-*-
Caridade, onde estiveres
Lenindo as dores de alguém,
Onde sirva, onde fales,
Jesus estará também.
Auta de Souza

-*-
Vi hoje a felicidade...
Ela sorria a caminho,
Na mãe pobre que encontrava
Um pão para o seu filinho.
Antonio de Castro

-*-
Não basta confiar em Jesus; é necessário que Jesus também possa confiar em
você.
Irmão X



IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Lado Bom


Joanna de Ângelis

Exila das províncias da tua vida a maldade.

Rebate o pensamento doentio com o saudável,

Corta a rede perniciosa das suspeitas injustificáveis com a tesoura da confiança no teu próximo.

É tormentoso viver armado contra os outros, ver primeiro o lado negativo, detectar a imperfeição.

Ninguém há, na Terra, sem defeitos, como não existe uma só pessoa que não possua também virtudes, por pior que este indivíduo seja.

Procura o lado bom de todos e te descobrirá bem, renovado e afável.

Colcha De Retalhos

(Autor desconhecido. Tradução de Sérgio Barros).

Havia um museu com o piso completamente coberto por belíssimos azulejos de mármore e com uma estátua, toda em mármore, enorme, exibida no meio do salão de entrada. Muitas pessoas vinham do mundo inteiro para admirar a bonita estátua de mármore.

Uma noite, os azulejos de mármore começaram a falar e reclamar com a estátua de mármore:

__ Estátua, isto não é justo, não é justo! Por que vem gente do mundo inteiro, pisa e pisa em todos nós, e só para admirá-la? Não é justo!

__ Meu querido amigo, azulejo de mármore. Você ainda se lembra de quando estávamos, de fato, na mesma caverna? __ Respondeu a estátua.

__ Sim! É por isso que eu acho tudo muito injusto. Nós nascemos da mesma caverna e agora recebemos tratamento tão diferente. Não é justo! __ Ele chorou novamente.

__ Então, Você ainda se lembra do dia que o artista tentou trabalhar em você, mas você resistiu bravamente às ferramentas?

__ Sim, claro que eu me lembro. Eu odiei aquele sujeito! Como pode ele usar aquelas ferramentas em mim, doeu muito!

__ Isso é certo! Ele não pode trabalhar nada em você porque você resistiu em ser trabalhado.

__ Sim. E daí?

__ Quando ele desistiu de você e veio para cima de mim ao invés de resistir como você, eu soube imediatamente que eu me tornaria algo diferente depois dos esforços dele. Eu não resisti . . . Ao invés disso eu agüentei todas as ferramentas dolorosas que ele usou em mim.

__ Mmmmm . . . Resmungou o azulejo.

__ Meu amigo, há um preço para tudo na vida. E nem sempre é fácil. As vezes é muito difícil, doloroso. Mas temos que aprender a suportar os sofrimentos, procurando crescer e aprender para nos transformarmos em algo mais belo. Já que você desistiu de tudo no meio do caminho, você não pode culpar qualquer pessoa que agora pisa em você.

Psicografia Divaldo Pereira Franco

terça-feira, 12 de abril de 2011

LUTAS


Bezerra de Menezes

Meus Filhos

Permaneça conosco a paz do Senhor!

Recrudescem as lutas. Os anunciados tempos de transição chegam e fragorosas batalhas são travadas.

É indispensável a aferição de valores que devem caracterizar os combatentes. Dificuldades e desafios apresentam-se no planeta em todas as áreas do conhecimento e do comportamento.

As estruturas mal construídas do passado esboroam-se ante o fragor das demolições incessantes. A árvore que não foi plantada pelo Bem é derrubada, e as casas edificadas sobre as areias movediças ruem desastrosamente.

Mas a obra do bem permanece suportando os vendavais, enfrentando todos os desafios.

Não nos preocupemos com esses momentos que nos chegam, estabelecendo entre as criaturas o desequilíbrio e estimulando à debandada. Os discípulos da verdade devem permanecer fiéis aos postulados que abraçam, vivenciando-os.

Não seja, pois, de estranhar, que a incompreensão sitie os nossos passos e obstáculos imprevistos apareçam pela senda que percorremos. Devemos contar com a consciência ilibada e nunca aguardar o aplauso da insensatez.

Nosso modelo é Jesus, para Quem não houve lugar no mundo.

O Codificador igualmente seguiu-Lhe as pegadas e soube arrostar as consequências do messianato a que se entregou, incorruptível e tranquilo.

Lamentamos que as maiores dificuldades sejam intestinas em nosso Movimento, mas compreendemos que as criaturas se demoram em diferentes patamares de consciências, possuindo a ótica própria para observação dos fatos e interpretação da mensagem. Já que não nos é lícito impor a proposta espírita libertadora, não nos preocupemos com as imposições que nos chegam.

Todos estamos informados dos fins dos tempos e o egrégio Codificador da Doutrina asseverou-nos que o mundo de provas e de expiações cederia lugar ao mundo de regeneração.

Através dos tempos se tem informado que essa modificação se dará por meio de fenómenos sísmicos dolorosos; através de lutas cruentas, em guerras intermináveis; mediante os conflitos humanos. No entanto, se observarmos a História, encontraremos todos esses acontecimentos assinalando períodos de transição.

A grande luta deste momento se travará no país da consciência de cada discípulo de Jesus. As convulsões serão de natureza interna. A batalha mais difícil será a da superação das más inclinações, administrando-as e direcionando-as para o Bem.

Por mais difíceis se nos apresentem as acusações, e por mais terrível seja a morbidez direcionada para impossibilitar-nos o avanço, mantenhamos a serenidade.

Que receio nos podem proporcionar aqueles que apenas falam contra nós?!

Atuando no bem e sabendo confiar no tempo, levaremos a mensagem de libertação da Doutrina Espírita às diferentes Nações da Terra, pulcra, conforme no-la legaram os Espíritos por intermédio de Allan Kardec e dos seus discípulos mais dedicados.

O movimento expande-se; nada pode deter a marcha da Doutrina Espírita, nem mesmo aqueles que, dizendo-se adeptos da palavra do Codificador, erguem-se para zurzir-nos com as expressões destrutivas, utilizando-se das armas da impiedade disfarçada de dedicação à Causa.

O servidor da verdade permanece-lhe fiel, não divulgando o mal, mas apresentando o bem; mesmo do erro tirando a melhor parte, aquela que serve de lição para não se voltar ao engano ou não se estabelecerem novos compromissos negativos.

Confiai, filhos dedicados!

Vossos passos na Terra devem deixar sinais que possam servir de roteiro para os que vierem depois.

O nosso compromisso é com Jesus, o Amor, e com Allan Kardec, a razão, para que a religião cósmica da verdade domine os corações humanos, restaurando no planeta a era da legítima fraternidade.

O Espiritismo vem desempenhando o papel para o qual foi codificado.

Não nos detenhamos na análise dos impedimentos, dos erros, mas examinemos a extensão dos benefícios que hoje conduzem milhões de vidas que se norteiam para o Bem.

Não guardemos qualquer ressentimento, nem nos deixemos entristecer ou entibiar, quando as forças parecerem diminuídas.

Não nos permitamos desanimar, porquanto o nosso é um trabalho pioneiro, a nossa é uma tarefa caracterizada pelo estoicismo.

Nossa jornada deve estar assinalada pelo amor, e é natural que ainda não haja lugar para ele entre muitos Espíritos que se encontram em níveis de evolução diferentes.

Avancemos unidos. O ideal de unificação vem do mundo espiritual para a Terra.

Se não formos capazes de discutir as nossas dificuldades idealistas em clima de paz, de fraternidade, de respeito mútuo, de dignificação dos indivíduos e das instituições, que mensagem podemos oferecer ao mundo e às criaturas estúrdias deste momento?!

Tem-se a medida do valor moral do homem pelas resistências que vive nas lutas que trava.

Os ideais tomam-se grandiosos pelo que provocam nos inimigos gratuitos do progresso.

A Doutrina Espírita, repitamos, é Jesus, meus filhos, em nova linguagem perfeitamente compatível com os arroubos da Ciência e os fatos demonstrados pela experimentação de laboratório, assim com pelas conquistas tecnológicas. Mas, a criatura humana, que é o laboratório da própria evolução, no seu encontro com Jesus através da fé racional, clara e nobre, é o campo onde o bem se instalará em definitivo, como célula do organismo social.

E dessa criatura transformada teremos a sociedade melhor que o Espiritismo deve construir.

Fiquem, no passado, todos os problemas-desafios.

Fiquem, no silêncio das nossas palavras e no verbo das nossas ações edificantes, os nossos propósitos de servir, confiando que a casa construída na rocha sobreviverá aos fatores externos que, aparentemente, a ameaçam, e o ideal sobrepairará conduzindo todos ao imenso fanal da plenitude.

Senhor de nossas vidas, prossegue conduzindo-nos!

Ovelhas tresmalhadas que somos do Teu rebanho, apieda-Te da nossa tibieza de caráter, da nossa fragilidade moral e conduze-nos com Tua paciência de Pastor multimilenário, que nos guarda pelas trilhas da evolução.

Despede-nos, Excelente Filho de Deus, enriquecidos de paz e de entusiasmo, na certeza de que nunca nos deixará a sós, mesmo quando, por qualquer circunstância, nos resolvamos afastar de Ti; concede-nos então uma outra oportunidade, permanecendo conosco por todo o tempo.

Que assim seja!

Muita paz, meus filhos.

Que o Senhor permaneça conosco, são os votos do servidor humílimo e fraternal de sempre.

Bezerra

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco

(Extraída do livro Bezerra Ontem e Hoje)

Jornal: ‘O Espírita Mineiro’ Agosto/Setembro 2001

Transcrição de: Filomena Branco

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Busquemos o Melhor

"Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?" – Jesus. (Mateus, 7:3.)

A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.

Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da ignorância e da inexperiência.

É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.

Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações.

Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.

Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.

Aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando as nugas que lhe cercam a vida.

Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?

E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?

Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio, através da incessante renovação.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Fonte Viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Capítulo 113. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Senhor, Ajuda-me a Perdoar

Senhor, eu gostaria tanto de poder perdoar. Disponho-me a isso. Oro e tenho a impressão de que lavei meu coração de toda mágoa.

Contudo, basta que eu reveja quem me agrediu, caluniou, traiu e todo o sentimento retorna.

Isso está me fazendo muito mal, Senhor. Sinto um peso dentro de mim, um mal-estar e tenho a impressão de que perdi um tanto da capacidade de amar.

Em função do que padeci, tornei-me desconfiado. Quando um amigo me abraça, não me entrego em totalidade. Fico pensando se ele está sendo sincero.

Se não estará, como outros, demonstrando uma afeição que não lhe habita a alma, somente por conveniência. Pior ainda, fico cogitando quando esse amigo me oferecerá o fruto amargo do abandono.

Isso é muito ruim, Senhor, eu sei. Contudo, tornei-me assim, depois de tantas ingratidões recebidas, em tantos afastamentos constatados, em tantas evasões de pessoas a quem entreguei o meu coração.

Recorro às páginas do Evangelho e as leio, entre a emoção e o desassossego. Pesquiso as vidas dos grandes seguidores da Tua mensagem e me indago:

Por que eles conseguiram perdoar? O que me falta para isso?

Na tela da memória, evoco a imagem do primeiro mártir do Cristianismo, Estêvão, apedrejado por amor à verdade que propagava.

Ainda agonizante, ao lado da irmã, que descobre noiva do seu verdugo, tem palavras de perdão. Não são palavras de quem, por estar morrendo, resolve doar o perdão.

São palavras de quem se mostra agradecido por reencontrar a irmã querida, depois de tantos anos de separação que lhes fora imposta.

São palavras de quem está feliz e poderá morrer tranquilo, não somente por ter sido fiel a Jesus até o fim, mas por saber que sua irmã estará bem amparada por aquele mesmo que a ele tirou a vida.

Cristo os abençoe... Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão...

Saulo deve ser bom e generoso. Defendeu Moisés até ao fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lO-á com o mesmo fervor...

Sê para ele a companheira amorosa e fiel...

Perdão incondicional. Ele poderia pensar em que poderia gozar da felicidade de tornar a conviver com a irmã, depois de tantos anos.

Voltar a estarem juntos, como dantes da tragédia que os separara. Mas, não.

Suas palavras não são de reprovação a quem o condenara ao apedrejamento. Nele somente há perdão.

Por tudo isso, Senhor, eu Te peço: Ajuda-me a perdoar. Ensina-me a perdoar. Promove em mim a mudança para melhor.

Não permitas que eu me perca pelas ruelas sombrias da mágoa, da tristeza e do desencanto.

Eu desejo voltar a acreditar nas pessoas, a crer na amizade sincera, na doação sem jaça.

Recordando o Teu exemplo extraordinário na cruz, preocupando-Te com aqueles que Te haviam infligido tanto sofrimento e morte, eu Te peço: Ajuda-me.

Tenho certeza de que, quando o perdão puder ser a tônica dos meus atos, eu voltarei a sorrir, a ter fé, a viver intensamente.

Ajuda-me, pois, Senhor Jesus, a perdoar. Porque, não somente desejo ser feliz, mas igualmente almejo ser, para os que comigo convivem, motivo de contentamento e de alegria.