segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A FELICIDADE


Não está no dinheiro, porquanto, a cada passo, surpreendemos irmãos nossos, investidos na posse do ouro, a se confessarem desorientados e infelizes; importa reconhecer, porém, que o dinheiro criteriosamente administrado, transfigura-se em poderosa alavanca do trabalho e da beneficência, resgatando lares e corações para a Vida Superior.
* * *
Não está na inteligência, visto que vemos, em toda parte, gênios transviados, utilizando fulgurações do pensamento em apoio das trevas; urge anotar, no entanto, que a inteligência aplicada na sustentação do bem de todos será sempre uma fonte de luz.
* * *
Não está na autoridade humana, de vez que habitualmente abraçamos criaturas, altamente revestidas de poder terrestre, carregando o peito esmagado de angústia; é necessário observar, todavia, que a influência pessoal em auxílio à comunidade é base de segurança e fator de harmonia.
* * *
Não está nos títulos acadêmicos, porque, em muitas ocasiões, encontramos numerosos amigos laureados com importantes certificados de competência, portando conflitos íntimos que os situam nos mais escuros distritos do sofrimento e da aflição; não será, contudo, razoável ignorar que um diploma universitário, colocado no amparo ao próximo, é uma lavoura preciosa de alegrias e bênçãos.
* * *
Não está no que possuis e sim no que dás e, ainda assim, não tanto no que dás como no modo como dás.
* * *
Não está no que sonhas e sim no que fazes e, sobretudo, na maneira como fazes.
* * *
Felicidade, na essência, é a nossa integração com Cristo de Deus, quando nos rendemos a Ele para que nos use como somos e no que temos, a benefício dos semelhantes. Isso porque todo bem que venhamos a fazer é investimento em nosso favor, na Contabilidade Divina. Em suma, felicidade colhida nasce e cresce da felicidade que se semeia, ou melhor, à medida que ajudamos aos outros, por intermédio dos outros, o Céu nos ajudará.
Emmanuel

(De “Passos da Vida”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DO SOCORRO DIVINO: A RESPOSTA CELESTE


Neio Lúcio
Solicitando Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas
dos homens, respondeu Jesus para elucidação geral:
— Antigo instrutor dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste,
de uma aldeia para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar
de um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número de
milhas que o separavam do destino.
Notando que a solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a
proteção do Eterno Pai, e seguiu.
Noite fechada e sem luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à
margem da trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante,
dispôs-se a deitar-se e dormir.Começou a instalar-se, pacientemente, mas espessa
nuvem de moscas vorazes o atacou, de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.
O ancião continuou a jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num
trecho em que a estrada se bifurcava.Ponte rústica oferecia passagem pela via principal,
e, além dela, a terra parecia sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna,
semelhava-se a extenso lençol branco.
O santo pregador pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro
obediente, quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.
Sem recursos, agora, para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e,
encontrando robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se,
convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões
longínquos. O vegetal respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco
aberto.
Dispunha-se ao refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco
vigoroso caiu, partido, sem remissão.
Exposto então à chuva, o peregrino movimentou-se para diante.
Depois de aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural,
mostrando doce luz por dentro, e suspirou aliviado.
Bateu à porta.O homem ríspido que veio atender foi claro na negativa, alegando
que o sítio não recebia visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas
estranhas.
Por mais que chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.
Acomodou-se, como pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola
campestre; no entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos
sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.
O velho, agora sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus
e passou a noite ao relento.Alta madrugada, ouviu gritos e palavrões indistintos, sem
poder precisar de onde partiam.
Intrigado, esperou o alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente,
ausentou-se do esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que
uma quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo, assassinando
os moradores.
Repentina luz espiritual aflorou-lhe na mente.
Compreendeu que a Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando
dele o cão que uivava, lhe garantira a tranqüilidade do pouso.
Informando-se de que seguia em trilho oposto à localidade do destino,
empreendeu a marcha de regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi
esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não passava de
pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam sucumbido.
O velho agradeceu o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a
árvore tombada, um rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era
conhecido covil de lobos.
Muito grato ao Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde
tentara repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.
Endereçando infinito reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado
socorro que não soubera entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para
desempenho de sua tarefa.
Nesse ponto da curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e
terminou:
— O Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para
compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las.
-*-
Hoje vi no meu caminho
Lição de fé verdadeira:
Sabiá fazendo ninho
Por cima da cachoeira
Antônio Sales
-*-
Não te dês ao pessimismo.
Por mais que a dor te requeira,
Se o mal te empurrou no abismo,
Deus te segura na beira.
Soares Bulcão
-*-
Antes de pronunciares a frase amarga que te explode no coração, tentando
romper as barreiras da boca, pensa na Bondade de Deus, que te envolve por toda a
parte.
Memei

Do livro:
IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Luz em ti

É um tesouro inigualável, teu somente.

Ninguém dispõe dele em teu lugar.

Nas horas mais difíceis, podes gastá-lo sem preocupação.

Quando alguém te fira, é capaz de revelar-te a grandeza da alma, no brilho do perdão.

No momento em que os seres mais queridos porventura te abandonem, será parte luminosa de tua bênção.

Ante os irmãos infelizes, é o teu cartão de paz e simpatia.

Nos empreendimentos que te digam respeito ao próprio interesse, converte-se em passaporte para a aquisição das vantagens que desejes usufruir.

No relacionamento comum, transforma-se na chave para a formação das amizades fiéis.

Na essência, é um investimento, a teu próprio favor, que realizas sem o menor prejuízo.

Esse tesouro é o teu sorriso, - luz de Deus em ti mesmo, - que nenhuma circunstância pode extinguir e que ninguém consegue arrebatar.

* * *

Meimei

(Página do livro "Palavras do Coração", recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier - Edição CEU.)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Lição da semente


Diante da perplexidade dos ouvintes, falou Jesus, convincente:
— Em verdade, é muito difícil vencer os aflitivos cuidados da vida humana. Para onde se
voltem nossos olhos, encontramos a guerra, a incompreensão, a injustiça e o sofrimento. No
Templo, que é o Lar do Senhor, comparecem o orgulho e a vaidade nos ricos, o ódio e a revolta
nos pobres. Nem sempre é possível trazer o coração puro e limpo, como seria de desejar,
porque há espinheiros, lamaçais e serpentes que nos rodeiam. Entretanto, a idéia do Reino Divino
é assim como a semente minúscula do trigo. Quase imperceptível é lançada à terra, suportando-
lhe o peso e os detritos, mas, se germina, a pressão e as impurezas do solo não lhe paralisam
a marcha. Atravessa o chão escuro e, embora dele retire em grande parte o próprio alimento,
o seu impulso de procurar a luz de cima é dominante. Desde então, haja sol ou chuva,
faça dia ou noite, trabalha sem cessar no próprio crescimento e, nessa ânsia de subir, frutifica
para o bem de todos. O aprendiz que sentiu a felicidade do avivamento interior, qual ocorre à
semente de trigo, observa que longas raízes o prendem às inibições terrestres... Sabe que a
maldade e a suspeita lhe rondam os passos, que a dor é ameaça constante; todavia, experimenta,
acima de tudo, o impulso de ascensão e não mais consegue deter-se. Age constantemente
na esfera de que se fez peregrino, em favor do bem geral. Não encontra seduções irresistíveis
nas flores da jornada. O reencontro com a Divindade, de que se reconhece venturoso herdeiro,
constitui-lhe objetivo imutável e não mais descansa, na marcha, como se uma luz consumidora
e ardente lhe torturasse o coração. Sem perceber, produz frutos de esperança, bondade, amor e
salvação, porque jamais recua para contar os benefícios de que se fez instrumento fiel. A visão
do Pai é a preocupação obcecante que lhe vibra na alma de filho saudoso.
O Mestre silenciou por momentos e concluiu:
— Em razão disso, ainda que o discípulo guarde os pés encarcerados no lodo da Terra, o
trabalho infatigável no bem, no lugar em que se encontra, é o traço indiscutível de sua elevação.
Conheceremos as árvores pelos frutos e identificaremos o operário do Céu pelos serviços
em que se exprime.
A essa altura, Pedro interferiu, perguntando:
— Senhor: que dizer, então, daqueles que conhecem os sagrados princípios da caridade e
não os praticam?
Esboçou Jesus manifesta satisfação no olhar e elucidou:
— Estes, Simão, representam sementes que dormem, apesar de projetadas no seio dadivoso
da terra. Guardarão consigo preciosos valores do Céu, mas jazem inúteis por muito tempo.
Estejamos, porém, convictos de que os aguaceiros e furacões passarão por elas, renovando-
lhes a posição no solo, e elas germinarão, vitoriosas, um dia. Nos campos de Nosso Pai, há
milhões de almas assim, aguardando as tempestades renovadoras da experiência, para que se
dirijam à glória do futuro. Auxiliemo-las com amor e prossigamos, por nossa vez, mirando a
frente!
Em seguida, ante o silêncio de todos, Jesus abençoou a pequena assembléia familiar e
partiu.


DO LIVRO Jesus no Lar , Pelo Espírito de Neio Lúcio - Franciso C Xavier

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

escola da vida



O pedagogo francês Allan Kardec afirmava que educar é a arte de formar caracteres. O conceito, embora sintético, traduz toda a complexidade da atividade de educar.

A ação de educar, no sentido amplo da palavra, que vai muito além do instruir, exige o esforço e a dedicação aplicados ao longo do tempo, em um processo contínuo e perseverante.

Será na observação e nos pequenos detalhes que a educação, que a formação do caráter se construirá. E o bom educador estará sempre atento aos passos do seu tutelado.

Porém, não é só na escola que nos educamos. E não são somente as crianças que precisam aprender algo.

Com cada um de nós se passa da mesma forma. Estamos todos no processo educativo, de aprendizado, para conhecer e entender as coisas de Deus, por toda a nossa vida.

Reencarnamos para, a cada experiência terrena, aprender um tanto mais, insculpindo em nossa intimidade o bem e a felicidade.

Mas, para isso, é necessário que passemos pelo processo do aprender, do educar-se.

Afinal, ninguém saberá ler sem o esforço inicial de conhecer o alfabeto, assim como ninguém será versado na matemática, sem o exercício contínuo de manipular os números.

Desta forma, as experiências na Terra sempre trazem consigo o convite ao aprendizado. E para que esse aprendizado aconteça é necessário que entendamos o que a vida nos propõe.

Algumas vezes, a doença desafiadora é o convite da vida para aprendermos a fé e a coragem.

Em outro momento, será a dificuldade financeira a nos ensinar a perseverança, a honestidade, a honradez.

Haverá momentos onde o parente difícil, o cônjuge exigente serão os caminhos que a vida oferecerá para o aprendizado da paciência, da humildade, da compreensão.

As discrepâncias sociais, o desequilíbrio econômico, que geram a miséria e a penúria, serão para nós o aprendizado da solidariedade e da generosidade.

A morte do ente querido, que retorna ao mundo espiritual apartando-se momentaneamente de nós, nos oferece a chance de aprendermos a resignação e a obediência frente aos desígnios da vida.

E as querelas e relacionamentos difíceis no trabalho e no ambiente familiar sempre oportunizarão o aprendizado da benevolência e do perdão.

Por isso, percebamos que a vida será sempre rica em oportunidades, qual uma escola a funcionar todos os dias, com os mais variados professores a nos oferecerem as lições necessárias.

E é Deus, como Pai amoroso, quem cuida do processo de aprendizado de cada um de nós, oferecendo-nos aquilo que melhor nos cabe, no momento mais adequado.

Assim, se as lições da vida baterem à nossa porta, algumas vezes desafiadoras, não temamos nem nos desesperemos.

Confiemos em Deus, o educador maior de todos nós, e apoiemo-nos Nele, através da oração, para que possamos melhor nos conduzir frente às lições.

Assim procedendo, os aprendizados se farão mais efetivos, e mais breves serão as estradas que nos levarão à felicidade e à paz daqueles que já conhecem e agem de acordo com as Leis de Deus.

Redação do Momento Espírita.
Em 18.02.2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Conceitos e açao

Se dizem que a tua é uma luta inglória, porque abraçaste o labor da semeação evangélica no momento em que a astúcia e a agressividade campeiam a soldo do egoísmo e da violência, não lhes dês ouvidos e prossegue, tranqüilo.

Se afirmam que os teus ideais ocultam as tuas frustrações e que as tuas dores são síndromes de alienação, porque aprendeste a agir pelo perdão quando outros reagem pelo ressentimento, não te inquietes, antes permanece intimorato.

Se apregoam os teus deslizes, em detrimento dos esforços que fazes por superá-los, apenas porque te recusas a compartir das horas frívolas e dissolventes, em face da tua vinculação com a fé, não te proponhas defesas, mantendo-te no dever.

Se insistem em espicaçar-te pela ironia ou ridicularizar- te mediante a felonia, porque não te surpreendem nos gravames com que te brindariam, já que abraçaste o compromisso da renovação espiritual, não te sintas molesto ou sensibilizado, avançando sem receio.

Se te injuriam o nome e te agridem a honorabilidade com suspeitas e propostas infelizes, em razão da robustez da tua perseverança, não te deixes abater, demorando-te no bem.

O seixo não se faz diamante se enaltecido a essa posição e a estrela fulgurante não se apaga se uma pedra atirada do lago que a reflete parece despedaçá-la...

Na aduana das opiniões, o ônus que paga a mercadoria da verdade é sempre alto.

A leviandade, porque não se pode ou quer modificar, é estulta, porém transitória, mas o compromisso com o ideal do bem, apesar de áspero, é duradouro nos resultados.

Se abraças a cruz do serviço em nome do Cristo, reserva-te o direito do testemunho.

Quem O segue, perde os interesses comuns e se fixa nos objetivos dEle.

Ainda não há compreensão para quantos se afeiçoam à luz da verdade libertadora.

Seus pés caminham pelas estreitas sendas...

Muitos lhes comentam os aparentes triunfos — os que o mundo, enganosamente, pretende oferecer — porém as lágrimas nascidas nas fontes do silêncio passam desconhecidas.

Desejam a ascensão e o brilho enganoso dos acumes, no entanto, se recusam a subida, passo a passo, mediante os esforços dos pés e brasas vivas.

A ressurreição produziu gáudio nos discípulos saudosos do Mestre, tanto quanto a crucificação lhes propiciara pavor.

Aquela, todavia, jamais ocorreria, sem esta última, que a desvela.

Desse modo, não desconsideres a luta, nem a prova, nem a renúncia.

Vinculado ao Evangelho, semeia a palavra de vida e vive na luz da esperança, até o momento em que, findo o compromisso, te liberes da jornada exaustiva.

Até lá, insiste e ensina, persevera e luta, a sós, se necessário, porém, fiel até o fim.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Otimismo. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Editora LEAL.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Aflição vazia

Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.

Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas oportunidades de serviço.

No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma. De nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a organização emotiva.

Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova, evidenciando consciência tranqüila.

Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária...

Tensão à face de possíveis acontecimentos lamentáveis é facilitar-lhes a eclosão, de vez que a idéia voltada para o mal é contribuição para que o mal aconteça; e tensão à frente de sucessos menos felizes é dificultar a ação regenerativa do bem, necessário ao reajuste das energias que desastres ou erros hajam desperdiçado.

Analisemos desapaixonadamente os prejuízos que as nossas preocupações injustificáveis causam aos outros e a nós mesmos, e evitemos semelhante desgaste empregando em trabalho nobilitante os minutos ou as horas que, muita vez, inadvertidamente, reservamos à aflição vazia.

Lembremo-nos de que as Leis Divinas, através dos processos de ação visível e invisível da natureza, a todos nos tratam em bases de equilíbrio, entregando-nos a elas, entre as necessidade do aperfeiçoamento e os desafios do progresso, com a lógica de quem sabe que tensão não substitui esforço construtivo, ante os problemas naturais do caminho. E façamos isso, não apenas por amor aos que nos cercam, mas também a fim de proteger-nos contra a hora da ansiedade que nasce e cresce de nossa invigilância para asfixiar-nos a alma ou arrasar-nos o tempo sem qualquer razão de ser.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Encontro marcado.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Caminhos do Coração

Multiplicam-se os caminhos do processo evolutivo, especialmente durante a marcha que se faz no invólucro carnal.

Há caminhos atapetados de facilidades, que conduzem a profundos abismos do sentimento.

Apresentam-se caminhos ásperos, coalhadas de pedrouços que ferem, na forma de vícios e derrocadas morais escravizadores.

Abrem-se, atraentes, caminhos de vaidade, levando a situações vexatórias, cujo recuo se torna difícil.

Repontam caminhos de angústia, marcados por desencantos e aflições desnecessárias, que se percorrem com loucura irrefreável.

Desdobram-se caminhos de volúpias culturais, que intoxicam a alma de soberba, exilando-a para as regiões da indiferença pelas dores alheias.

Aparecem caminhos de irresponsabilidade, repletos de soluções fáceis para os problemas gerados ao longo do tempo.

Caminhos e caminhantes!

Existem caminhos de boa aparência, que disfarçam dificuldades de acesso e encobrem feridas graves no percurso.

Caminhos curtos e longos, retos e curvos, de ascensão e descida, estão por toda parte, especialmente no campo moral, aguardando ser escolhidos.

Todos eles conduzem a algum lugar, ou se interrompem, ou não levam a parte alguma... São, apenas, caminhos: começados, interrompidos, concluídos...

*

Tens o direito de escolher o teu caminho, aquele que deves seguir.

Ao fazê-lo, repassa pela mente os objetivos que persegues, os recursos que se encontram à tua disposição íntima assinalando o estado evolutivo, a fim de teres condição de seguir.

Se possível, opta pelos caminhos do coração.

Eles, certamente, levarão os teus anseios e a tua vida ao ponto de luz que brilha à frente esperando por ti.

*

O homem estremunha-se entre os condicionamentos do medo, da ambição, da prepotência e da segurança que raramente discerne com correção.

O medo domina-lhe as paisagens íntimas, impedindo-lhe o crescimento, o avanço, retendo-o em situação lamentável, embora todas as possibilidades que lhe sorriem esperança.

A ambição alucina-o, impulsionando-o para assumir compromissos perturbadores que o intoxicam de vapores venenosos, decorrentes da exagerada ganância.

A prepotência anestesia-lhe os sentimentos, enquanto lhe exacerba as paixões inferiores, tornando-o infeliz, na desenfreada situação a que se entrega.

A liberdade a que aspira, propõe-lhe licenças que se permite sem respeito aos direitos alheios nem observância dos deveres para com o próximo e a vida; destruindo qualquer possibilidade de segurança, que, aliás, é sempre relativa enquanto se transita na este física.

Os caminhos do coração se encontram, porém, enriquecidos da coragem, que se vitaliza com a esperança do bem, da humildade, que reconhece a própria fragilidade, e satisfaz-se com os dons do espírito - ao invés do tresvariado desejo de amealhar coisas de secundário importância - os serviços enobrecedores e a paz, que são a verdadeira segurança em relação às metas a conquistar.

Os caminhos do coração encontram-se iluminados pelo conhecimento da razão, que lhes clareia o leito, facilitando o percurso.

*

Jesus escolheu os caminhos do coração para acercar-se das criaturas e chamá-las ao reino dos Céus.

Francisco de Assis seguiu-Lhe o exemplo e tornou-se o herói da humildade.

Vicente de Paulo optou pelos mesmos e fez-se o campeão da caridade.

Gandhi redescobriu-os e comoveu o mundo, revelando-se como o apóstolo da não-violência.

Incontáveis criaturas, nos mais diversos períodos da humanidade e mesmo hoje, identificaram esses caminhos do coração e avançam com alegria na direção da plenitude espiritual.

Diante dos variados caminhos que se desdobram convidativos, escolhe os caminhos do coração, qual ovelha mansa, e deixa que o Bom Pastor te conduza ao aprisco pelo qual anelas.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

DA RECLAMAÇÃO : A PETIÇÃO DE JESUS

Irmão X
E Jesus, retido por deveres constrangedores, junto da multidão, em Cafarnaum,
falou a Simão, num gesto de bênção:
Vai, Pedro! Peço-te! . Vai à casa de Jeremias, o curtidor, para ajudar. Sara, a
filha dele, prostrada no leito, tem a cabeça conturbada e o corpo abatido. Vai sem
delonga, ora ao lado dela, e o Pai, a quem rogamos apoio, socorrerá a doente por tuas
mãos.
Na manhã ensolarada, pôs-se o discípulo em marcha, entusiasmado e sorridente
com a perspectiva de servir. À tarde, quando o sol cedia as últimas posições à sombra
noturna, vinha de retorno enunciando inquietação e pesar no rosto áspero.
-Ah! Senhor! - disse ao Mestre que lhe escutava os apontamentos - todo esforço
baldado, tudo em vão!.
-Como assim?
E o apóstolo explicou amargamente, qual se fora um odre de fel a derramar-se:
-A casa de Jeremias é um antro de perdição . Antes fosse um pasto selvagem. O
abastado curtidor é um homem que ajuntou dinheiro, a fim de corromper-se. De entrada,
dei com ele bebericando vinho num paiol, a cuja porta bati, na esperança de obter
informações para demandar o recinto doméstico. Não parecia um patriarca e sim um
gozador desavergonhado. Sentava-se na palha de trigo e, de momento a momento,
colava os lábios ao gargalo de pesada botelha, desferindo gargalhadas, ao pé de serva
bonita e jovem, que se refestelava no chão, positivamente embriagada . Ao receber-me,
começou perguntando quantos piolhos trago à cabeça e acabou mandando-me ao
primogênito . Saí à procura de Zoar, o filho mais idoso, e o achei, enfurecido, no jogo de
dados em que perdia largas somas para conhecido traficante de Jope. Acolheu-me aos
berros, explicando que a sorte da irmã não lhe despertava o menor interesse. Por fim,
expulsou-me aos coices, dando a idéia de uma besta-fera solta no campo . Afastava-me,
apressado, quando esbarrei com a dona da casa. Dei-lhe a razão de minha presença;
contudo, antes de atender-me, passou a espancar esquelética menina, alegando que a
criança lhe havia surrupiado um figo, enquanto a pequena chorosa tentava esclarecer
que a fruta havia sido devorada por galos de estimação. Somente após ensangüentar a
vítima, resolveu a megera designar o aposento em que poderia avistar-me com a filha
enferma...
Ante o olhar melancólico do ouvinte, o discípulo prosseguiu:
-A dificuldade, porém, não ficou nisso... Visivelmente transtornada por bagatela,
a velha sovina errou na indicação, pois entrei numa alcova estreita, onde fui defrontada
por Josué, o filho mais moço do curtidor, que mergulhava a mão num cofre de jóias.
Desagradavelmente surpreendido, fêz-se amarelo de raiva, acreditando decerto que eu
não passava de alguém a serviço da família, a fim de espionar-lhe os movimentos.
Quando ergueu o braço para esmurrar-me, supliquei-lhe considerasse a minha situação
de visitante em missão de paz e socorro fraterno... Embora contrafeito, conduzindo-me
ao quarto da irmã . Ah! Mestre, que tremenda desilusão!... Não duvido de que se trata
de uma doente, mas, logo me viu, a estranha criatura se tornou inconveniente,
articulando gestos indecorosos e pronunciando frases indignas... Não agüentei mais.
Fugi, horrorizado, e regressei pelo mesmo caminho...
Observando que o Amigo Sublime se resguardava, triste e silencioso, volveu
Simão, após comprido intervalo:
-Senhor, não fui, acaso, bastante claro? Porventura, não terei procurado
cumprir-te honestamente os desejos? Seria justo, Mestre, pronunciar o nome de Deus,
ali, entre vícios e deboche, avareza e obscenidade?
Jesus, porém, depois de fitar longamente o céu, a inflamar-se de lumes
distantes, fixou no companheiro o olhar profundamente lúcido e exclamou com
serenidade:
-Pedro, conheço Jeremias, a esposa e os filhos, há muito tempo!... Quando te
incumbi de ir ao encontro deles, apenas te pedi para auxiliar!...
***
Conversa com caridade,
Alma irmã,alma sincera!...
Às vezes uma palavra
É tudo o que a gente espera.

Antonio Azevedo
***
Ofensor é uma pessoa
Que Deus manda, de imprevisto,
Para ver nossa atitude
No ensino de Jesus Cristo.

Silveira Carvalho
***
Quando encontrares Jesus nos irmãos de toda a parte, Jesus tomar-te-á para
companheiro, em qualquer lugar.

Mariano Jose Pereira da Fonseca

Do livro IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

AFEIÇÕES

O amor não é cego.
Vê sempre as pessoas queridas
tais quais são
e as conhece, na intimidade,
mais do que os outros.

Exatamente por dedicar-lhes
imenso carinho,
recusa-se a registrar-lhes
os possíveis defeitos,
porquanto sabe amá-las
mesmo assim.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
2a edição. Jabaquara, SP: CEU, 1981.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Explicações do Mestre


Em plena conversação edificante, Sara, a esposa de Benjamim, o criador de cabras, ouvindo
comentários do Mestre, nos doces entendimentos do lar de Cafarnaum, perguntou, de
olhos fascinados pelas revelações novas:
— A idéia do Reino de Deus, em nossas vidas, é realmente sublime; todavia, como iniciar-
me nela? Temos ouvido as pregações à beira do lago e sabemos que a Boa Nova aconselha,
acima de tudo, o amor e o perdão... Eu desejaria ser fiel a semelhantes princípios, mas sintome
presa a velhas normas. Não consigo desculpar os que me ofendem, não entendo uma vida
em que troquemos nossas vantagens pelos interesses dos outros, sou apegada aos meus bens e
ciumenta de tudo o que aceito como sendo propriedade minha.
A dama confessava-se com simplicidade, não obstante o sorriso desapontado de quem
encontra obstáculos quase invencíveis.
— Para isso — comentou Pedro —, é indispensável a boa-vontade.
— Com a fé em Nosso Pai Celestial — aventurou a esposa de Simão —, atravessaremos
os tropeços mais duros.
Em todos os presentes transparecia ansiosa expectativa quanto ao pronunciamento do
Senhor, que falou, em seguida a longo silêncio:
— Sara, qual é o serviço fundamental de tua casa?
— É a criação de cabras — redargüiu a interpelada, curiosa.
— Como procedes para conservar o leite inalterado e puro no benefício doméstico?
— Senhor, antes de qualquer providência, é imprescindível lavar, cautelosamente, o vaso
em que ele será depositado. Se qualquer detrito ficar na ânfora, em breve todo o leite se toca
de franco azedume e já não servirá para os serviços mais delicados.
Jesus sorriu e explanou:
— Assim é a revelação celeste no coração humano. Se não purificamos o vaso da alma,
o conhecimento, não obstante superior, se confunde com as sujidades de nosso íntimo, como
que se degenerando, reduzindo a proporção dos bens que poderíamos recolher. Em verdade,
Moisés e os Profetas foram valorosos portadores de mensagens divinas, mas os descendentes
do Povo Escolhido não purificaram suficientemente o receptáculo vivo do espírito para recebêlas.
É por isto que os nossos contemporâneos são justos e injustos, crentes e incrédulos, bons e
maus ao mesmo tempo. O leite puro dos esclarecimentos elevados penetra o coração como
alimento novo, mas aí se mistura com a ferrugem do egoísmo velho. Do serviço renovador da
alma restará, então, o vinagre da incompreensão, adiando o trabalho efetivo do Reino de Deus.
A pequena assembléia, na sala de Pedro, recebia a lição sublime e singela, comovidamente,
sem qualquer interferência verbal.
O Mestre, porém, levantando-se com discrição e humildade, afagou os cabelos da senhora
que o interpelara e concluiu, generoso:
— O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta.
Não te esqueças desta verdade simples e clara da Natureza.

Do livro Jesus no Lar - Pelo Espírito de Neio Lúcio - Psicografia Franciso C Xavier

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Parentela Corporal e a Parentela Espiritual

Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências (Capitulo IV, no.13).

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.

* * *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
112a edição. Capitulo XIV, no.8. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A CONTA DA VIDA

Neio Lúcio
Quando Levindo completou vinte e um anos, a Mãezinha recebeu-lhe os amigos,
festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria.
No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.
O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer disciplina. Vivia ociosamente,
desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras, a preço
de muita dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.
Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do
vício.
Nessa noite, todavia, a abnegada Mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus
o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o
Mestre Divino lhe ampararia a vida jovem.
As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo
depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro
espiritual, a exibir largo documento na mão.
Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia a surpresa de semelhante visita.
O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:
- Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu
proveito.
Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:
- Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente, 2.000
aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos de
60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua , relacionando as do arroz, do
milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste
3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado
fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos pocilgas e
redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto,
não relacionamos ai os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os
obséquios dos amigos e as atenções de vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que
fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela de teu débito imenso.
Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais
e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de bom, marcando a tua
passagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino.
Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!...
O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e,
sob forte espanto, acordou...
Amanhecera.
O Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho
pacífico.
Levindo escapou da cama, correu até à genitora e exclamou:
- Mãezinha, arranje-me serviço! arranje-me serviço!...
_ Oh! meu filho - disse a senhora num transporte de júbilo -, que alegria! como
estou contente!... que aconteceu?
E o rapaz, preocupado, informou:
- Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.
Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.


Do livro Idéias e Ilustrações
Francisco Cândido Xavier
Ditados por
Espíritos Diversos


EM TI PRÓPRIO


“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” — PAULO. (Romanos, 14:12)

Escutarás muita gente falar de compreensão e talvez que, sob o reflexo condicionado, repetirás os belos conceitos que ouviste, através de preleções que te angariarão simpatia e respeito.
Entretanto, se não colocares o assunto nas entranhas da alma, situando-te no lugar daqueles que precisam de entendimento, quase nada saberás de compreensão, além da certeza de que temos nela preciosa virtude.
*
Falarás da paciência e assinalarás muitas vozes, em torno de ti, referindo-se a ela, no entanto, se no imo do próprio ser não tens necessidade de sofrer por algum ente amado, muito pouco perceberás, acerca de calma e tolerância.
*
Exaltarás o amor, a bondade, a paz e a união, mas se nas profundezas do espírito não sentires, algum dia, o sofrimento a ensinar-te o valor da nota de consolação sobre a dor de que te lamentas; a significação da migalha de socorro que outrem te estenda em teus dias de carência material; a importância da desculpa de alguém a essa ou àquela falta que cometeste e o poder do gesto de pacificação da parte de algum amigo que te restituiu a harmonia, em tuas próprias vivências, ignorarás realmente o que sejam entendimento e generosidade, perdão e segurança íntima.
*
Seja qual seja a dificuldade em que te vejas, abstém-te de carregar o fardo das aflições e das perguntas sem remédio.
Penetra no silêncio da própria alma, escuta os pensamentos que te nascem do próprio ser e reconhecerás que a solução fundamental de todos os problemas da vida surgirá de ti mesmo.

(De “Ceifa de Luz”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A GRANDE PERGUNTA

E por que me chamais Senhor,
Senhor, e não fazeis o que eu digo?
- Jesus. (LUCAS, 6:46)

Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.

Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.

É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.

Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.

Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.

Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.

É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
17a edição. Lição 47. Rio de Janeiro, RJ: FEB.