terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DO SOCORRO DIVINO: A RESPOSTA CELESTE


Neio Lúcio
Solicitando Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas
dos homens, respondeu Jesus para elucidação geral:
— Antigo instrutor dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste,
de uma aldeia para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar
de um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número de
milhas que o separavam do destino.
Notando que a solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a
proteção do Eterno Pai, e seguiu.
Noite fechada e sem luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à
margem da trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante,
dispôs-se a deitar-se e dormir.Começou a instalar-se, pacientemente, mas espessa
nuvem de moscas vorazes o atacou, de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.
O ancião continuou a jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num
trecho em que a estrada se bifurcava.Ponte rústica oferecia passagem pela via principal,
e, além dela, a terra parecia sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna,
semelhava-se a extenso lençol branco.
O santo pregador pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro
obediente, quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.
Sem recursos, agora, para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e,
encontrando robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se,
convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões
longínquos. O vegetal respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco
aberto.
Dispunha-se ao refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco
vigoroso caiu, partido, sem remissão.
Exposto então à chuva, o peregrino movimentou-se para diante.
Depois de aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural,
mostrando doce luz por dentro, e suspirou aliviado.
Bateu à porta.O homem ríspido que veio atender foi claro na negativa, alegando
que o sítio não recebia visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas
estranhas.
Por mais que chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.
Acomodou-se, como pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola
campestre; no entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos
sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.
O velho, agora sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus
e passou a noite ao relento.Alta madrugada, ouviu gritos e palavrões indistintos, sem
poder precisar de onde partiam.
Intrigado, esperou o alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente,
ausentou-se do esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que
uma quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo, assassinando
os moradores.
Repentina luz espiritual aflorou-lhe na mente.
Compreendeu que a Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando
dele o cão que uivava, lhe garantira a tranqüilidade do pouso.
Informando-se de que seguia em trilho oposto à localidade do destino,
empreendeu a marcha de regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi
esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não passava de
pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam sucumbido.
O velho agradeceu o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a
árvore tombada, um rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era
conhecido covil de lobos.
Muito grato ao Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde
tentara repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.
Endereçando infinito reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado
socorro que não soubera entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para
desempenho de sua tarefa.
Nesse ponto da curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e
terminou:
— O Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para
compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las.
-*-
Hoje vi no meu caminho
Lição de fé verdadeira:
Sabiá fazendo ninho
Por cima da cachoeira
Antônio Sales
-*-
Não te dês ao pessimismo.
Por mais que a dor te requeira,
Se o mal te empurrou no abismo,
Deus te segura na beira.
Soares Bulcão
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Antes de pronunciares a frase amarga que te explode no coração, tentando
romper as barreiras da boca, pensa na Bondade de Deus, que te envolve por toda a
parte.
Memei

Do livro:
IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

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