domingo, 29 de maio de 2011

TUDO PASSA

Todas as coisas, na Terra,
passam...
Os dias de dificuldades,
passarão...
Passarão também
os dias de amargura
e solidão...
As dores e as lágrimas
passarão.
As frustrações
que nos fazem chorar...
um dia passarão.
A saudade do ser querido
que está longe, passará.
Dias de tristeza...
Dias de felicidade...
São lições necessárias que,
na Terra, passam,
deixando no espírito imortal
as experiências acumuladas.
Se hoje, para nós,
é um desses dias
repletos de amargura,
paremos um instante.

Elevemos
o pensamento ao Alto,
e busquemos a voz suave
da Mãe amorosa
a nos dizer carinhosamente:
isso também passará...
E guardemos a certeza,
pelas próprias dificuldades
já superadas,
que não há mal
que dure para sempre.
O planeta Terra,
semelhante
a enorme embarcação,
às vezes parece
que vai soçobrar
diante das turbulências
de gigantescas ondas.
Mas isso também passará,
porque Jesus está
no leme dessa Nau,
e segue com o olhar sereno
de quem guarda a certeza
de que a agitação
faz parte do roteiro
evolutivo da humanidade,
e que um dia também passará...
Ele sabe que a Terra
chegará a porto seguro,
porque essa é a sua destinação.
Assim,
façamos a nossa parte
o melhor que pudermos,
sem esmorecimento,
e confiemos em Deus,
aproveitando cada segundo,
cada minuto que, por certo...
também passarão..."


" Tudo passa..........exceto DEUS!"
Deus é o suficiente!
Chico Xavier - Emmanuel

sábado, 28 de maio de 2011

O rico vigilante

Tiago, o mais velho, em explanação preciosa, falou sobre as ânsias de riqueza, tão comuns
em todos os mortais, e, findo o interessante debate doméstico, Jesus comentou sorridente:
— Um homem temente a Deus e consagrado a retidão, leu muitos conselhos alusivos à
prudência, e deliberou trabalhar, com afinco, de modo a reter um tesouro com que pudesse
beneficiar a família. Depois de sentidas orações, meteu-se em várias empresas, aflito por alcançar
seus fins. E, por vinte anos consecutivos, ajuntou moeda sobre moeda, formando o patrimônio
de alguns milhões.
Quando parou de agir, a fim de apreciar a sua obra, reconheceu, com desapontamento,
que todos os quadros da própria vida se haviam alterado, sem que ele mesmo percebesse.
O lar, dantes simples e alegre, adquirira feição sombria. A esposa fizera-se escrava de mil
obrigações destinadas a matar o tempo; os filhos cochichavam entre si, consultando sobre a
herança que a morte do pai lhes reservaria; a amizade fiel desertara; os vizinhos, acreditando-o
completamente feliz, cercaram-no de inveja e ironia; as autoridades da localidade em que vivia
obrigavam-no a dobradas atitudes de artifício, em desacordo com a sinceridade do seu coração.
Os negociantes visitavam-no, a cada instante, propondo-lhe transações criminosas ou descabidas;
servidores bajulavam-no, com declarado fingimento quando ao lado de seus ouvidos,
para lhe amaldiçoarem o nome, por trás de portas semicerradas. Em razão de tantos distúrbios,
era compelido a transformar a residência numa fortaleza, vigiando-se contra tudo e contra todos.
Sobrava-lhe tempo, agora, para registrar as moléstias do corpo e raramente passava algum
dia sem as irritações do estômago ou sem dores de cabeça.
Em poucas semanas de meticulosa observação, concluiu que a fortuna trancafiada no cofre
era motivo de desilusões e arrependimentos sem termo.
Em certa noite, porque não mais tolerasse as preocupações obcecantes do novo estado,
orou em lágrimas, suplicando a inspiração do Senhor. Depois da comovente rogativa, eis que
um anjo lhe aparece na tela evanescente do sonho e lhe diz, compadecido:
— Toda fortuna que corre, à maneira das águas cristalinas da fonte, é uma bênção viva,
mas toda riqueza, em repouso inútil, é poço venenoso de águas estagnadas... Por que exigiste
um rio, quando o simples copo d’água te sacia a sede? Como te animaste a guardar, ao redor
de ti, celeiros tão recheados, quando alguns grãos de trigo te bastam à refeição? Que motivos
te induziram a amontoar centenas de peles, em torno do lar, quando alguns fragmentos de lã te
aquecem o corpo, em trânsito para o sepulcro?... Volta e converte a tua arca de moedas em
cofre milagroso de salvação! Estende os júbilos do trabalho, cria escolas para a sementeira da
luz espiritual e improvisa a alegria a muitos! Somente vale o dinheiro da Terra pelo bem que
possa fazer!
Sob indizível espanto, o caçador de outro despertou transformado e, do dia seguinte em
diante, passou a libertar as suas enormes reservas, para que todos os seus vizinhos tivessem
junto dele, as bênçãos do serviço e do bom ânimo...
Desde o primeiro sinal de semelhante renovação, a esposa fixou-o com estranheza e revolta,
os filhos odiaram-no e os seus próprios beneficiados o julgaram louco; todavia, robustecido
e feliz, o milionário vigilante voltou a possuir no domicílio um santuário aberto e os gênios
da alegria oculta passaram a viver em seu coração.
Silenciando o Mestre, Tiago, que comandava a palestra da noite, exclamou, entusiasta:
— Senhor, que ensinamento valioso e sublime!...
Jesus sorriu e respondeu:
— Sim, mas apenas para aqueles que tiverem “ouvidos de ouvir” e “olhos de ver”.


Jesus no Lar Pelo
Espírito de Neio Lúcio
Franciso C Xavier

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O ALIMENTO ESPIRITUAL

Nunca estarás a sós.
Ante a névoa das lágrimas, quando a incompreensão de outrem te agite os
sentimentos, lembra-te de alguém que sempre te oferece entendimento e
conforto.
Ante a deserção de pessoas queridas, quando mais necessitavas de presença e
segurança, pensa nesse benfeitor oculto que jamais te abandona.
Ante as ameaças do desânimo, nos obstáculos para a concretização de tuas
esperanças mais belas, considera o amparo desse amigo certo que, em tempo
algum, te recusa bom ânimo.
Ante a queda iminente na irritação, capaz de induzir-te à delinqüência,
refugia-te no clima desse doador de serenidade que te guarda o coração nas
bênçãos da paz.
Ante as sugestões do desequilíbrio emotivo, suscetíveis de te impulsionarem
a esquecer encargos que assumiste, reflete no mentor abnegado que jamais te
nega defesa, para que usufruas a tranqüilidade de consciência.
Ante prejuízos, muitas vezes causados por amigos aos quais empenhaste
generosidade e confiança, medita nesse protetor magnânimo que nunca te
desampara e que promove, em teu favor, sempre que necessário, os recursos
preciosos à recuperação de que careças.
Ante acusações daqueles que se te fazem adversários gratuitos,
amargurando-te os dias, eleva-te em pensamento ao instrutor infatigável que
sempre te convida à tolerância e ao perdão.
Ante as crises da existência que te surgiram revolta e desespero, recorda o
mestre da paciência que te resguarda constantemente na certeza de que não há
problemas sem solução para quem trabalha e serve para o bem sem perder a
esperança.
Ante os desgostos e contratempos que te sejam impostos pelos entes amados,
não te emaranhes no cipoal das afeições possessivas, refletindo no
companheiro que te ama desinteressadamente muito antes que te decidisses a
conhecê-lo.
E quando perguntares quem será esse alguém que nunca te desampara e que te
garante a vida, em nome de Deus, deixa que os teus ouvidos se recolham aos
recessos da própria alma e escutarás o coração a dizer-te na intimidade da
consciência que esse alguém é Jesus.

(De: Algo Mais - Chico Xavier/Emmanuel)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

DO MEDO : O GOLPE DE VENTO

Hilário Silva
Ali, na solidão do quarto de estudo, Joanino Garcia descerrara a grande janela, à
procura de ar fresco.
Repousara minutos breves.
Agora, porém, acreditava ter chegado ao fim.
Julgara haver lido numa obra de clínica médica a própria sentença de morte.
Facilmente sugestionável, há muito vinha dando imenso trabalho ao médico.
E, não obstante espírita convicto, deixava-se levar por impressões.
Em menos de dois anos, sentira-se vitimado por sintomas diversos.
A princípio, dominado por bronquite rebelde, compulsara um livro sobre
tuberculose e supusera-se viveiro dos bacilos de Koch.
Tempo e dinheiro foram gastos em exames e chapas.
Entretanto, mal não acabara de se convencer do contrário, quando, numa noite,
ao sentir-se trêmulo, sob o efeito de determinada droga, começou a estudar a doença de
Parkinson e foi nova luta para que lhe desanuviasse o crânio.
Joanino mostrara-se contente, por alguns dias; entretanto, uma intoxicação
alterou-lhe a pele e ei-lo crente de que fora atacado pela púrpura hemorrágica,
obrigando o médico e a família a difícil trabalho de exoneração mental.
Naquele instante, contudo, via-se derrotado.
Experimentando muita dor, buscara o consultório na antevéspera e o clínico
amigo descobrira uma artrite reumatóide, recomendando cuidados especiais.
No grande sofá, depois de leve refeição, ao sentir pontadas relampagueantes no
ombro esquerdo, tomou o livro de anotações médicas e abriu no capítulo alusivo à
moléstia que lhe fora diagnosticada.
Antes de iniciar a leitura, levantou-se com dificuldade, para um gole d’água,
tentando aliviar as agulhadas nervosas, e não viu que o vento virara as folhas do
volume.
Voltando, sobressaltado leu nas primeiras linhas da página:
- “A moléstia assume a forma de dor pungente e agonizante. Geralmente a crise
perdura por segundos e termina com a morte. Sofrimento agudo e invencível. A dor
começa no ombro esquerdo a refletir-se na superfície flexora do braço esquerdo até às
pontas dos dedos médios”.
Joanino rendeu-se.
Quis gritar, pedir socorro, mas “a dor agonizante”, ali referida, crescia
assustadora.
Pensou na mulher e nos quatro filhinhos.
Suava.
Afligia-se como que sufocado.
Não podendo resistir, por mais tempo, aos próprios pensamentos concentrados
na idéia da desencarnação, rendeu-se à morte.
Despertando, porém, fora do corpo de carne, afogado em preocupações, ao pé
dos familiares em chorosa gritaria, viu o benfeitor espiritual que velava habitualmente
por ele.
O amigo abraçou-o emocionado, e falou:
- É lamentável que você tenha vindo antes do tempo...
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- Como assim? – respondeu Garcia, arrasado. – Li os sintomas derradeiros de
minha enfermidade.
- Houve engano – explicou o instrutor – os apontamentos do livro reportavamse
à angina de peito e não à artrite reumatóide como a sua leitura fez supor. A corrente
de ar virou a página do livro. Você possuía, em verdade, um processo anginoso, mas
com catorze anos de sobrevida... Entretanto, com o peso de sua tensão mental...
Só aí Joanino veio a saber que morrera, de modo prematuro, em razão da
sensibilidade excessiva, ante a leitura alterada por ligeiro golpe de vento.
-*-
Marujo domina o mar
Remando contra a maré.
Sem sofrimento na vida, ninguém sabe se tem fé.
Teotônio Freire
-*-
Teme apenas a ti mesmo
Na esfera do teu dever.
Quem se amedronta consigo
Nada mais tem a temer.
Casimiro Cunha
-*-
Para o homem iluminado a estrada não tem sombras.
Mariano José Pereira da Fonseca




IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A exaltação da cortesia

À frente da multidão de sofredores e desalentados, relacionou o Mestre as bem aventuranças,
destacando, com ênfase, a declaração de que os mansos herdariam a Terra.
A afirmativa, porém, soou entre os discípulos de maneira menos agradável.
Tal asserção não seria encorajamento à ociosidade mental?
Se o Evangelho reclamava espíritos valorosos na sementeira das verdades renovadoras,
como acomodar a promessa com a necessidade do destemor? Se o mal era atrevido e contundente,
em todos os climas e posições, como estabelecer o triunfo inadiável do bem através da
incapacidade de reagir, embora pacificamente?
Nessas interrogações imprecisas, reuniu-se a assembléia familiar no domicílio de Pedro.
Iniciados os comentários edificantes da noite, entreolhavam-se os discípulos entre a indagação
e a curiosidade.
O Divino Amigo parecia perceber os motivos da expectação, em torno, mas esperava,
sereno, que os seguidores se pronunciassem.
Foi então que Judas, rompendo o véu de respeito que aureolava a presença do Mestre,
inquiriu, loquaz:
— Senhor, por que atribuíste aos mansos a posse final da Terra? Os corações acovardados
gozarão de semelhante bênção? Os incapazes de testemunhar a fé, nos momentos graves
de luta e sacrifício, serão igualmente bem-aventurados?
Jesus não respondeu, de imediato.
Vagueou o olhar, através dos circunstantes, como a pedir-lhes a exposição de quaisquer
dúvidas que lhes povoassem a alma.
Pedro cobrou ânimo e perguntou:
— Sim, Mestre: se um malfeitor visitar-me a casa, não devo recordar-lhe os imperativos
do acatamento recíproco? Entregar-me-ei sem qualquer admoestação fraternal aos seus delituosos
caprichos, a pretexto de guardar a mansidão a que te referiste?
O Cristo sorriu, como tantas vezes, e enunciou, calmo:
— Enganaram-se todos, naturalmente. Eu não fiz o elogio da preguiça, que se mascara
de humildade, nem da covardia que se veste de cordura para melhor acomodar-se às conveniências
humanas. As criaturas que se afeiçoam a semelhantes artifícios sofrerão duramente os
instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos.
Exaltei, na realidade, a cortesia de que somos credores uns dos outros. Bemaventurados
os homens de trato ameno que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de
bondade e o verbo da compreensão! Bem-aventurados os filhos do equilíbrio e da gentileza
que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que os solicita sem saber o que pede!
Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição, sem alarde, para que o próximo lhes
aproveite a influenciação na felicidade justa de todos! Bem-aventurados aqueles que sabem
tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento,
dando a cada um, de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os
sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam! Em verdade vos
digo que a eles pertencerá o domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os
semelhantes, dentro das normas do amor e do respeito, é senhor dos corações que se aperfeiçoam
no mundo!
Alívio e alegria transbordaram do ânimo geral e, de olhos fitos, agora, nas águas imensas
do grande lago, o Senhor pediu a Mateus encerrasse o fraterno entendimento da noite, pronunciando
uma prece.

Jesus no Lar - Pelo Espírito de Neio Lúcio - Franciso C Xavier

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ajude Sempre

Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
*
Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
*
No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
*
Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
*
Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.
*
Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
*
Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
*
Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.
*
Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
*
É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1999.

sábado, 14 de maio de 2011

DEUS

Eurípedes Barsanulfo

O Universo é obra inteligentíssima; obra que transcende a 
mais genial inteligência humana; e, como todo efeito 
inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a
do universo é superior a toda inteligência; é a inteligência das
inteligências; a causa das causas; a lei das leis; o princípio dos
princípios; a razão das razões; a consciências das consciências;
é Deus! Deus! Nome mil vezes santo, que Newton jamais
pronunciava sem se descobrir!

Ó Deus que vos revelais pela natureza, vossa filha e nossa
mãe, reconheço-vos eu, Senhor, na poesia da criação; na
criancinha que sorri; no ancião que tropeça; no mendigo que
implora; na mão que assiste; na mãe querida que vela; no pai
extremoso que instrui; no apóstolo abnegado que evangeliza
as multidões.

Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no amor do esposo; no
afeto do filho; na estima da irmã; na justiça do justo; na
misericórdia do indulgente; na fé do homem piedoso; na
esperança dos povos; na caridade dos bons; na inteireza dos
íntegros. Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! no estro do vate;
na eloqüência do orador; na inspiração do artista; na santidade 
do mestre; na sabedoria do filósofo e nos fogos eternos do 
gênio!

Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! na flor dos vergéis, na
relva dos vales; no matiz dos campos; na brisa dos prados; no
perfume das campinas; no murmúrio das fontes; no rumorejo
das franças; na música dos bosques; na placidez dos lagos; na
altivez dos montes; na amplidão dos oceanos e na majestade
do firmamento!

Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! nos lindos antélios, no íris
multicor; nas auroras polares; no argênteo da Lua; no brilho do
Sol; na fulgência das estrelas; no fulgor das constelações!
Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! na formação das
nebulosas; na origem dos mundos; na gênese dos sóis; no
berço das humanidades; na maravilha, no esplendor e no
sublime do Infinito!

Ó Deus! Reconheço-vos eu, Senhor! com Jesus, quando ora:
"Pai nosso que estais nos céus..." ou com os anjos quando
cantam: "Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra aos Homens e
Mulheres da Boa Vontade de Deus".


No proximo dia cinco de junho, de 08:30 as 13:00 horas, sera realizado, na Fraternidade Oficina do Amor, encontro sobre
a vida e obra de Euripedes Barsanulfo, oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida deste grande expoente
do espiritismo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

DA CRÍTICA : NUM DOMINGO DE CALOR


Irmão X
Benedita Fernandes, abnegada fundadora da Associação das Senhoras Espíritas
Cristãs, de Araçatuba, no Estado de São Paulo, foi convidada para uma reunião de damas
consagradas à caridade, para exame de vários problemas ligados a obras de assistência.
E porque se dedicava, particularmente, aos obsidiados e doentes mentais, não pode
esquivar-se.
Entretanto, a presença da conhecida missionária causava espécie.
O domingo era de imenso calor e Benedita ostentava compacto mantô de lã,
apenas compreensível em tempo de frio.
– Mania! – cochichava alguém, à pequena distância.
– De tanto lidar com malucos, a pobre espírita enlouqueceu... – dizia elegante
senhora à companheira de poltrona, em tom confidencial.
– Isso é pura vaidade, – falou outra – ela quer parecer diferente.
– Caso de obsessão! – certa amiga lembrou em voz baixa.
– Benedita, porém, opinava nos temas propostos, cheia de compreensão e de
amor.
Em meio aos trabalhos, contudo, por notar agitações na assembléia, a
presidente alegou que Benedita suava por todos os poros, e, em razão disso, rogou a ela
que tirasse o mantô por gentileza.
Benedita Fernandes, embora constrangida, obedeceu com humildade e só aí as
damas presentes puderam ver que a mulher admirável, que sustentava em Araçatuba
dezenas de enfermos, com o suor do próprio rosto, envergava singelo vestido de chitão
com remendos enormes.

-*-
Ante os problemas dos outros
Emudece os lábios teus.
Em tudo sempre supomos
Mas quem sabe é sempre Deus.

Casimiro Cunha
-*_

Haja o que houver no caminho,
Não pense mal de ninguém.
Cada qual vê o vizinho,
Conforme os olhos que tem.

Gastão de Castro

***

Filhos, a estrada real para Deus chama-se Caridade.

José Horta

IDEIAS E
ILUSTRAÇÕES
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Ditados por
Espíritos Diversos

domingo, 8 de maio de 2011

O Espiritismo e a filosofia da diferença: olhares de amor e aceitação.

Se quisermos alcançar uma melhor compreensão e aceitação do outro
necessitamos rever nossas atitudes de julgamentos.

Hedy Lamar

Como educadora e adepta do Espiritismo, vejo esta doutrina como soberanamente pregadora do Amor, da Compreensão, da Tolerância, da verdadeira Compaixão. E busco, assiduamente, refletir sobre esta Ciência, Filosofia e Religião.
Nessa reflexão, considero que pensar o Espiritismo sob a ótica de alguns filósofos e pensadores modernos é exercitar a Filosofia Espírita, compartilhando-a com outros saberes, especialmente se estes também buscam compreender o homem, na sua individuação e nas suas relações.
Um destes saberes atuais é a Filosofia da Diferença, apregoada por Giles Deleuse. Nuances desta filosofia, em nítida sintonia com a Filosofia Espírita, nos permitem encontrar respostas para algumas questões ligadas às dificuldades de relacionamento, ao julgamento do outro, à ausência de aceitação e respeito pelo diferente.
Nas nossas relações, se quisermos alcançar uma melhor compreensão e aceitação do outro - o que nos possibilitaria melhorar nossa convivência - necessitamos, primeiramente, de rever nossas atitudes de julgamentos, nossas concepções prévias a respeito deste outro.
Quase sempre, usamos nossas velhas maneiras de explicações das nossas falhas e das falhas do outro, repetindo os mesmos modos de agir, de censurar, julgar, e respondendo, do mesmo modo, aos nossos velhos problemas.
Se quisermos ser, sentir, pensar e agir de modo diferente do que sempre temos feito, devemos romper com nossos velhos hábitos, superar nossos possíveis defeitos e construir alternativas que deem novo sentido a nossa existência.
Avaliar o outro, apontar o dedo para suas fragilidades e limitações, sentindo-nos donos da verdade, é fugir da própria responsabilidade, da coparticipação, já que os relacionamentos são vias de mão dupla. Numa relação entre pessoas, existe o entre e não somente a pessoa como si mesma. Cada um entra na relação com sua parcela ... de culpa ou merecimento.
Decididamente, não seres acabados, prontos. A vida toda é um processo, e a realidade, os acontecimentos são revestidos de múltiplas possibilidades. Nada é completamente pronto, definitivo. Nem as pessoas, nem os acontecimentos, nem a vida ... Tudo é um contínuo vir a ser, pleno de possibilidades, de potencialidades. Nesse processo, se queremos transformar o outro, também somos transformados por ele. Não há hierarquias. Nenhum é superior ao outro.
A vida é um palco, um lugar onde não existem certezas. Há apenas o desejo e a permissão para deixar fluir. Tudo é potência. E tudo se realiza, se concretiza no encontro com o outro, com o mundo. Vista como processo, a vida é movimento . . . é uma dança constante ... e precisamos aprender a dançar, embalados pela música que vem do coração.
Precisamos aprender a questionar nossas pretensas verdades. Questionar as noções de certo e errado, normal e anormal que nos foram ensinadas. Sermos capazes de modificar nossas certezas.
Nossa realidade é sempre influenciada pelo modo como a enxergamos. O modo como vemos o outro depende daquilo que somos, ou daquilo que nos transformamos. Se somos pequenos no nosso modo de pensar e de ver o outro, é porque nossas crenças, nosso conhecimento de mundo, nosso modo de amar... tudo é pequeno. Enxergamos o outro com a medida do nosso olhar, com o tamanho da nossa capacidade de amar.
Se queremos modificar nossas relações, nosso modo de conviver, precisamos aprender a mudar nossa maneira de analisar as pessoas, as coisas, os acontecimentos, aprendendo a respeitar as diferenças, em lugar de nos ocuparmos com o idêntico. Não podemos ter o pensamento enclausurado. Nosso modo de fazer as coisas não devem ser uma só. O certo e o errado, desde que não se afaste do que é moral, do que é ético, no sentido de interferência no mundo, não são relevantes na maioria das vezes. A Filosofia Espírita nos aponta caminhos para uma conduta moral. mas não uma Moral desconectada das nossas potencialidades, do nosso jeito de ser e de existir. Importante é o significado que damos às ações, aos acontecimentos. O modo como interpretamos o mundo ao nosso redor, nossas crenças e valores.
Tudo o que acontece não existe por questões individuais, não é responsabilidade de um só. Tudo é apenas efeito, resultado do modo como nos relacionamos. Devemos buscar, sempre, a compreensão, a tolerância, a aceitação e não a mera explicação dos fatos. Não somos meros observadores do outro. Numa relação, somos também intercessores: interferimos, agimos, dialogamos. Numa relação, importa é saber se determinado comportamento ou atitude funciona. Como funciona. Devemos nos perguntar: isso me afeta? Afeta o outro?
As coisas vão adquirindo sentido ao acontecer. Não existe um isso ou aquilo. Pode ser isso, pode ser aquilo. A construção da vida é coletiva. E sempre somos capazes de escapar, de enxergar novas possibilidades, novos rumos. Não temos e não necessitamos de rótulos.
O ser humano não é uma coisa, um objeto formatado. Ele se faz e se refaz, se cria e se recria no dia a dia, no cotidiano. Sendo assim, devemos ser capazes de lutar contra aquilo que nos uniformiza, nos torna idênticos uns aos outros, como se fôssemos máquinas ou desenvolvidas em formas. Não somos cópias uns dos outros. Cada um tem sua singularidade.
Avaliar o outro e apontar sua debilidade é tão devastador quanto permitirmos que nos avaliem. Quando focalizamos a dificuldade como algo que nos pertence, ou que pertence ao outro, estamos desconsiderando nossa rede de relações, e permitimos que ocorra a discriminação, a exclusão. Permitimo-nos, reciprocamente, apontar o dedo, destacando nossas mútuas imperfeições e empalidecendo nossas qualidades, nossos talentos e dons, nossa capacidade criativa.
Devemos ser capazes de exercer nossa criatividade. Somos responsáveis pela orquestração da nossa própria vida, nosso próprio destino. Temos o livre-arbítrio para arquitetar aquilo que sonhamos ser. É só querermos. Basta, apenas, o desejo.
Embora o nosso cotidiano seja regido por regras, códigos, leis, ele também não é desprovido do caos. E nesse aparente caos, ocorre, também, construção. Muitas vezes, precisamos desconstruir, para depois construir algo novo, diferente. Isto se dá num espaço de relações. E é nestas relações que aprendemos a perceber nossos próprios limites: aquilo que estamos deixando de ser e aquilo em que estamos nos transformando. O que somos e o que podemos vir a ser. É nessa espécie de dança interior que nos construímos, nos transformamos e transformamos nossas relações em espaços de harmonia e de beleza.
Este é o olhar que acredito ser respaldado pela Filosofia Espírita. O olhar de uma Filosofia da Diferença que, nos moldes do Espiritismo, parece apontar para uma filosofia do amor e da aceitação.

Texto transcrito, na íntegra, da Revista Internacional de Espiritismo, edição abril de 2011, fls 145,146 e 147.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

DA REENCARNAÇÃO : NO REINO DAS BORBOLETAS

Irmão X
À beira de um charco, formosa borboleta, fulgurando ao crepúsculo, pousou
sobre um ninho de larvas e falou para as pequeninas lagartas, atônitas:
- Não temais! Sou eu... uma vossa irmã de raça!... Venho para comunicar-vos
esperança. Nem sempre permanecereis coladas à erva do pântano! Tende calma,
fortaleza, paciência!... Esforçai-vos por sucumbir aos golpes da ventania que, de quando
em quando, varre a paisagem. Esperai! Depois do sono que vos aguarda, acordareis com
asas de puro arminho, refletindo o esplender solar... Então, não mais vos arrastareis,
presas ao solo úmido e triste. Adquirireis preciosa visão da vida! Subireis muito alto e
vosso alimento será o néctar das flores... Viajareis deslumbradas, contemplando o
mundo, sob novo prisma!... Observareis o sapo que nos persegue, castigado pela
serpente que o destrói, e vereis a serpente que fascina o sapo, fustigada pelas armas do
homem!...
Enquanto a mensageira se entregava à ligeira pausa de repouso, ouviam-se
exclamações admirativas:
- Ah! não posso crer no que vejo!
- Que misteriosa e bela criatura!...
- Será uma fada milagrosa?
- Nada possui de comum conosco...
Irradiando o suave aroma do jardim em que se demorava, a linda visitante
sorriu e continuou:
- Não vos confieis à incredulidade! Não sou uma fada celeste! Minhas asas
são parte integrante da nova forma que a Natureza nos reserva. Ontem vivia convosco;
amanhã, vivereis comigo! Equilibrar-vos-eis no imenso espaço, desferindo vôos sublimes
à plena luz! Libertadas do chavascal, elevar-vos-eis, felizes! Libertadas do chavascal,
elevar-vos-eis, felizes! Conhecereis a beleza das copas floridas e o saboroso licor das
pétalas perfumadas, a delícia da altura e a largueza do firmamento!...
Logo após, lançando carinhoso olhar à família alvoroçada, distendeu o
corpo colorido e, voltando, graciosa, desapareceu.
Nisso chega ao ninho a lagarta mais velha do grupo, que andava ausente,
e, ouvindo as entusiásticas referências das companheiras mais jovens, ordenou, irritada:
- Calem-se e escutem! Tudo isso é insensatez... Mentiras, divagações... Fujamos
aos sonhos e aos desvarios. Nunca teremos asas. Ninguém deve filosofar... Somos lagartas, nada
mais que lagartas. Sejamos práticas, no imediatismo da própria vida. Esqueçam-se de
pretensos seres alados que não existem. Desçam do delírio da imaginação para as
realidades do ventre! Abandonaremos este lugar, amanhã. Encontrei a horta que
procurávamos... Será nossa propriedade. Nossa fortuna está no pé de couve que
passaremos a habitar. Devorar-lhe-emos todas as folhas... Precisamos simplesmente
comer, porque, depois, será o sono, a morte e o nada... nada mais...
Calaram-se as larvas, desencantadas.
Caiu a noite e, em meio à sombra, a lagarta-chefe adormeceu, sem
despertar no outro dia. Estava ela completamente imóvel.
As irmãs, preocupadas, observavam curiosas o fenômeno e puseram-se na
expectativa.
Findo algum tempo, com infinito assombro, repararam que a orgulhosa e
descrente orientadora se metamorfoseara numa veludosa falena, voejante e leve...


-*-
Não guardes antipatia
Paz é luz na vida sã.
Inimigo de hoje em dia
Parente nosso amanhã.


Álvaro Martins


-*-


Por lei celeste possuis
Aquilo em que te desdobras;
Cada pessoa na vida
Descende das próprias obras


Chiquito de Morais


-*-


Não se queixe em circunstância alguma.
Lembre-se de que a vida e o tempo são concessões de Deus diretamente a
você, e, acima de qualquer angústia ou provação,
a vida e o tempo responderão a você com a benção da luz ou com a experiência
da sombra, como você quiser.


André Luiz



IDEIAS E

ILUSTRAÇÕES

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Ditados por

Espíritos Diversos

terça-feira, 3 de maio de 2011

A coroa e as asas


Comentava-se, na reunião, as glórias do saber, quando o Cristo, para ilustrar a palestra,
contou, despretensioso:
— Um homem amante da verdade, informando-se de que o aprimoramento intelectual
conduz à divina sabedoria, atirou-se à elevação da montanha da ciência, empenhando todas as
forças que possuía no decisivo cometimento. A vereda era sombria qual obscuro labirinto; contudo,
o esforçado lidador, olvidando dificuldades e perigos, avançava sempre, trocando de
vestuário para melhor acomodar-se às exigências da marcha. De tempos a tempos, lançava à
margem da estrada uma túnica que se fizera estreita ou uma alpercata que se lhe afigurava inservível,
procurando indumentária nova, até que, um dia, depois de muitos anos, alcançou a
desejada culminância, onde um representante de Deus lhe surgiu ao encontro.
O emissário cumprimentou-o, abraçou-o e revestiu-lhe a fronte com deslumbrante coroa
de luz. Todavia, quando o vencedor do conhecimento quis prosseguir adiante, na direção do
Paraíso, recomendou-lhe o mensageiro que voltasse atrás dos próprios passos, a ver o trilho
percorrido e que, de sua atitude na revisão do caminho, dependeria a concessão de asas com
que lhe seria possível voar ao encontro do Pai Eterno.
O interessado regressou, mas, agora, auxiliado pela fulgurante auréola de que fora investido,
podia contemplar todos os ângulos da senda, antes inextricável ao seu olhar.
Não conteve o riso, diante das estranhas roupagens de que os viajadores da retaguarda
se vestiam.
Aqui, notava uma túnica rota; acolá, uma sandália extravagante. Peregrinos inúmeros se
apoiavam em bordões quebradiços, enquanto outros se amparavam em capas misérrimas; entretanto,
cada qual, com impertinência infantil, marchava senhor de si, como se envergasse a
roupa mais valiosa do mundo.
O vencedor da ciência não suportou as impressões que o quadro lhe causava e abriu-se
em frases de zombaria, reprovando acremente a ignorância de quantos seguiam em vestes ridículas
ou inadequadas. Gritou, condenou e fez apodos contundentes. Dirigiu-se à comunidade
dos viajantes com tamanha ironia que muitos renunciaram à subida, retornando à inércia da
planície vasta.
Após amaldiçoar a todos, indistintamente, voltou o herói coroado ao cume do monte, na
expectativa de partir sem detença ao encontro do Pai, mas o Anjo, muito triste, explicou-lhe
que a roupagem dos outros, que lhe provocara tanto sarcasmo inútil, era aquela mesma de que
ele se servira para elevar-se, ao tempo em que era frágil e semicego, e que as asas de luz, com
que deveria erguer-se ao Trono Divino, somente lhe seriam dadas, quando edificasse o amor
no imo do coração. Faltavam-lhe piedade e entendimento; que ele voltasse demoradamente ao
caminho e auxiliasse os semelhantes, sem o que jamais conseguiria equilibrar-se no Céu.
Alguns minutos de silêncio seguiram-se indevassáveis...
O Mestre, todavia, imprimindo significativa ênfase às palavras, terminou:
— Há muitas almas, na Terra, ostentando a luminosa coroa da ciência, mas de coração
adormecido na impiedade, salientando-se no sarcasmo pueril e na censura indébita. Envenenadas
pela incompreensão, exigentes e cruéis, fulminam os companheiros mais fracos no entendimento
ou na cultura, ao invés de estender-lhes as mãos fraternais, reconhecendo que também
já foram assim, tateantes e imperfeitos... Enquanto, porém, não se decidirem a ajudar o irmão
menos esclarecido e menos afortunado, acolhendo-o no próprio espírito, com sinceridade e
devotamento, não receberão as asas com que lhes será lícito partir na direção do Céu.


Jesus no Lar - Pelo Espírito de Neio Lúcio - Franciso C Xavier